O CIES – Congresso Internacional de Estudos Sefarditas é uma realização do CEJA* (Centro de Estudos Judaicos da Amazônia).
(*) Sobre o CEJA:
O Centro de Estudos Judaicos da Amazônia (CEJA) nasceu em 2018 por iniciativa do Projeto Amazônia Judaica (www.amazoniajudaica.com.br), criado em 2002, na cidade de Belém/PA pelo jornalista e chazan (cantor litúrgico) David Salgado e pelo historiador Elias Salgado. Amazônia Judaica, em duas décadas de atividades ininterruptas, é hoje o mais longevo projeto do gênero, no Brasil e no mundo.
Os objetivos principais do CEJA são o estudo, a pesquisa e a difusão de conhecimento sobre a presença judaico-marroquina em várias regiões do Brasil, com concentração na região amazônica. Não se restringindo a essa temática, o CEJA visa contribuir com o estudo da etnia sefardita, entrando num campo que resolvemos denominar UNIVERSO SEFARAD.
O CEJA é coordenado pelo Prof. Elias Salgado (Diretor), pela Profa. Dra. Regina Igel (Diretora Acadêmica), por Prof. Aviad Moreno (Diretor de Relações Acadêmicas Internacionais) e pela doutoranda Adriana Abuhab Bialski (Diretora de Pesquisa). Entre as atividades do CEJA assinalamos o I e II CIES, Congresso Internacional de Estudos Sefarditas, que ocorreram em novembro de 2021 e em agosto de 2023, respectivamente; a publicação de trabalhos selecionados do Congresso na Coletânea dos 20 anos do CEJA; a apresentação de um painel no mais recente congresso da AMILAT (em Jerusalém), em agosto de 2022.
Entre nossas atividades futuras consta o III CIES, que será realizado em conjunto com a Universidade de Lisboa. O evento terá lugar no modo presencial em Portugal, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, de 21 a 23 de outubro de 2025.
O III Congresso Internacional de Estudos Sefarditas (III CIES), organizado por iniciativa do Centro de Estudos Judaicos da Amazônia (CEJA), tem por tema “Judeus no Mediterrâneo e suas diásporas: interseções económicas, sociais e culturais”. Judeus no Mediterrâneo e não apenas do Mediterrâneo, visto que pretende abarcar todos aqueles que tiveram uma vivência nesta área geográfica, quer fosse através de emigração, de passagem esporádica ou de percursos de fuga. Assim, são contemplados os que viveram no espaço mediterrânico como os judeus de origem ibérica, de origem berbere, os romaniotas, os italkim, os mizrahim e os da França medieval e do Papa (neste caso os que residiam no Comtat Venaissin e em Avinhão). Mas também se incluem, por exemplo, os judeus asquenazim de passagem por Portugal em fuga durante a Segunda Guerra Mundial, os que se estabeleceram lá e na América Central e do Sul.
Fernand Braudel, falando da dispersão dos judeus ibéricos, escreve: “Se quiséssemos marcar a dispersão judaica à escala do Grande Mediterrâneo e do mundo, encontrá-los-íamos facilmente em Goa, em Áden, na Pérsia (…)”[1]. Como o historiador francês exemplifica, o Grande Mediterrâneo tem, entre outros protagonistas, os judeus que estabeleceram comunidades portuguesas e espanholas no sul da França e em Hamburgo, Amesterdão, Livorno, Esmirna, Londres e em tantas outras paragens. E como se verifica pelos estudos de Jonathan Israel[2]e de outros estudiosos contemporâneos, essa mesma dispersão oriunda do Mediterrâneo desagua no continente americano e em partes da Ásia e de África. Na realidade, os judeus dessas comunidades pertenciam a um mundo mediterrânico erradicado ou estabelecido em contextos diferentes, cujas interações devem também ser tidas em linha de conta como objeto de estudo do Congresso.
Teremos, por isso, em consideração, as diversas dimensões existenciais espelhadas nas suas múltiplas diásporas pelo Velho e Novo Mundo, bem como em outros continentes; sem esquecer as questões complexas da sua identificação e filiação, como a relação entre convertidos (ao cristianismo ou ao islão) e aqueles que sempre mantiveram uma identidade judaica.
David Abulafia, ao escrever “outra” história do Mediterrâneo, intitulou-a The Great Sea. A Human History of the Mediterranean[3]. Alguns dos principais protagonistas desta História humana são os judeus. Com este congresso pretendemos seguir as premissas de uma História humana total, tendo em conta a realidade porosa que é a das relações desses judeus com o mundo envolvente, nas várias dimensões da sua existência.
[1] Fernand Braudel, O Mediterrâneo e o Mundo Mediterrânico na Época de Filipe II, Lisboa, Publicações D. Quixote, vol. 2, 1984, p. 175.
[2] Jonathan Israel, Diasporas within a Diaspora. Jews, Crypto-Jews and the World Maritime Empires (1540-1740), Leiden, Brill, 2002.
[3] Seguimos a edição de Londres, Penguin Books, 2014.